Saúde
Dr. Renato Kfouri tira dúvidas sobre a aplicação de anticorpos contra o VSR, o vírus sincicial respiratório, causador da bronquiolite
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Febre, tosse, coriza e cansaço. Sintomas como esses parecem indicar uma simples gripe. No entanto, os pais devem ficar atentos, já que esse quadro também é consequência de uma contaminação pelo Vírus Sincicial Respiratório. Conhecido como VSR, esse agente infeccioso é o principal causador de doenças graves, como bronquiolite e pneumonia. No caso de bebês prematuros, essa contaminação pode levar até a morte.
Ainda não há uma vacina para esse tipo de vírus, mas as crianças podem receber anticorpos prontos que ajudam o organismo a se proteger do agente viral. Entretanto, segundo Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria, o que muitas pessoas não sabem é que essa imunização está disponível gratuitamente tanto no SUS, quanto nas redes credenciadas dos convênios.
Durante o evento, promovido pela biofarmacêutica AbbVie na última segunda-feira (1/12), em São Paulo, o especialista respondeu as principais dúvidas sobre como as crianças podem se imunizar.
Quem pode se imunizar?
Fique atento, pois não são todos as crianças são elegíveis para receber a imunização — um tratamento injetável à base do anticorpo palivizumabe. De acordo com Kfouri, esse procedimento é indicado para grupos de risco. O Ministério da Saúde e os convênios disponibilizam, gratuitamente, doses mensais dos anticorpos apenas para prematuros de até 28 semanas no primeiro ano de vida e para bebês com doença pulmonar crônica da prematuridade e/ou cardiopatia congênita até o segundo ano de vida.
Os prematuros são mais suscetíveis a desenvolver infecção grave pelo VSR. Isso acontece, porque, nessa fase, os bebês não possuem seu sistema imunológico totalmente desenvolvido, além de suas vias aéreas terem um calibre menor.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que os bebês entre 29 e 32 semanas também sejam imunizados. No entanto, a dose gratuita ainda não está disponível para esse grupo. Para o especialista, além de disponibilizar a imunização para um grupo maior de prematuros, seria importante aumentar os polos de aplicação. “Muitos cidades não têm e os pais precisam se deslocar com um prematuro, expondo-se no transporte público”, diz.
Em que período ocorre a imunização?
O VSR tem mais facilidade de se reproduzir em determinadas condições de temperatura e umidade. Em cada região, o vírus tem uma estação em que se propaga mais. No Norte e Nordeste, seu pico coincide com a estação chuvosa (a partir de meados de dezembro a janeiro) e, no Sul-Sudeste, o pico é a partir de outono. A imunização ocorre, geralmente, um mês antes do início do período de propagação do vírus.
Como se imunizar?
Cada estado possui um fluxo para gerenciar a aplicação das doses de anticorpos. De acordo com o especialista, quando o bebê prematuro nasce no período de imunização, isto é, quando vírus está circulando com mais intensidade, a aplicação é realizada na própria maternidade. No entanto, se a criança prematura nasceu fora do período de maior propagação do vírus da sua região, a imunização não está disponível. Dessa forma, os pais devem ficar atentos quando a aplicação será retomada. Para imunizar seus filhos, os pais precisam de um pedido feito pelo médico e consultar quais são os polos de aplicação do seu estado.
Quantas doses?
O ideal é que o período de aplicação dos anticorpos comece um mês antes do período de propagação do vírus. Na região Norte, por exemplo, a imunização já começa em janeiro. Durante o período, o bebê recebe até cinco doses do anticorpo (uma por mês).
A criança fica imune para sempre?
Não. A imunização contra o vírus VSR não é uma vacina. Assim, não é o corpo do bebê que desenvolve os anticorpos, eles são produzidos artificialmente. Assim, a criança pode se contaminar com o vírus novamente, já que não seu organismo não tem memória de como produzir esse anticorpo. No entanto, Kfouri ressalta que a reinfecção não é tão grave. Em casos de crianças mais velhas, pode até mesmo ser assintomática.
Apesar de ser um vírus comum com alta taxa de transmissão, é possível praticar medidas para evitar o seu contágio. Entre as práticas estão lavar as mãos com frequência, usar lenços descartáveis em caso de tosse e coriza, manter a casa arejada e as superfícies dos objetos limpas e evitar ambientes fechados e aglomerados de pessoas.